quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Casablanca.



Não, este post não é sobre nenhuma cidade marroquina, nem sobre nenhum filme de 1942. Este post é sobre a "A maior companhia de espetáculos de África, uma das melhores do terceiro mundo" (sic) - a Casa Blanca, Produção de Espectáculos.

Esta empresa com sede em Luanda é o meu mais recente objecto de fascínio. Uma simples visita ao site da empresa basta para avivar o mais tétrico estado de espírito. Senão, veja-se: existe no site um agradecimento do Presidente da República (Angolana, suponho eu) inexistente; a afirmação de que já produziram "os melhores artistas de Angola, África (Angola deve ser no sudeste asiático...), Brasil, Antilhas, Terceiro Mundo (que é certamente algures entre a Cova da Moura Norte e a Cova da Moura Sul), e dos Estados Unidos da América - agora vamos produzir estrelas mundiais (porque antes era só de Marte para a frente)"; e ainda fotografias de sobra do Presidente Angolano, José Eduardo dos Santos (ou será um sósia?), esse paladino da livre expressão, que volta e meia manda um jornalista para a cadeia.

Ainda assim, a Casa Blanca, que é actualmente investigada pelo terrível órgão português de censura artística - a Polícia Judiciária - por suspeitas de branqueamento de capitais, reserva uma última surpresa no site...

...e que surpresa! Após ter conseguido adiar e voltar a adiar o mesmo espectáculo megalómano (errrrr... para os que estão a ler com menos atenção: É A CASA BLANCA! NÃO HÁ ESPECTÁCULO NENHUM!) em apenas dois meses, sendo que o promoveu em tudo quanto é sítio (outdoors, televisão, imprensa, etc.), a empresa propõe-nos um espectáculo ainda mais piramidal: o Festival Internacional de Apoio a Angola "FestiAngola", a realizar em Bruxelas!

Perceba-se: no tal festival a realizar no Pavilhão Atlântico, o cartaz era realmente megalómano, tendo em conta o local do evento e o facto do cartaz conter uma mão-cheia dos mais bem sucedidos artistas do, so called, Hip-hop americano. Constato agora que este cartaz não era nada, quando comparado com o elenco para o festival de Bruxelas.

Termino esta ode à Casa Blanca, que já vai longa, com um resumo da lista dos músicos que estarão presentes no "FestiAngola":

-Artistas africanos mundialmente reconhecidos como Koffi Olomidé, Lokua Kanza e Youssou N'Dour.

-Artistas americanos como Tracy Shapman (a Tracy Chapman não devia poder ir... Então convidaram a sua gémea malévola!), SisQó e Michael Jackson (acho que este nem preciso de comentar...).

-Artistas do Reino Unido como Sting, Phill Collins (devem ter pensado que se o segundo nome tinha dois l's, o primeiro também deveria ter) e Rolling Stone (ou seja, deve ser só um elemento dos Rolling Stones. Qual? Não sei...).

-Artistas italianos como Laura Pousini (a piada dos erros ortográficos já deve estar um pouco gasta, não?) e Luciano Pavarotti (que, só por acaso, já se retirou...).

-Artistas das Antilhas, como Ziggy Marley (tentaram o pai dele, Bob Marley, mas este armou-se em estrela e disse que não podia ir).

-Artistas falecidos como Raúl Ouro Negro (aqui está um tipo humilde, ao contrário do Bob Marley que se armou em vedeta só por estar morto).


Oh well... "We'll always have Paris."

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Chagall, 1977.



Le Couple
Marc Chagall, 1977
em Saint-Paul-de-Vence, colecção privada

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

The winner takes it: Al.



Para pena minha hoje de manhã, quedei-me a ver os Óscares madrugada fora. Continuam a ser acontecimento suficiente para me manter acordado e para que me digne a escrever sobre tal tema, mesmo havendo-me sentido frustrado ao longo da cerimónia; 2006 não foi ano de ir ao cinema. O pouco tempo que dediquei à mais completa arte fez com que não pudesse ir avaliar por mim uns 80% dos filmes, representações e afins nomeados.

Na generalidade das opiniões, o grande vencedor da noite foi The Departed, de Martin Scorcese, com 5 nomeações e 4 óscares. Para outros terá sido Helen Mirren, que aos 61 anos conseguiu arrecadar o primeiro óscar de melhor actriz principal, pelo seu brilhante desempenho enquanto Rainha Elizabeth II (havia já sido nomeada anteriormente para dois óscares de melhor actriz secundária, não recebendo nenhum).

No que me concerne, o vencedor da noite foi Al Gore, que partindo de discursos cativantes, variando entre a comédia subtil e o activismo de pacotilha, e ainda de dois óscares (melhor canção original e melhor documentário) atribuídos ao documentário que retrata a sua campanha anti-aquecimento global, conseguiu levar a água ao seu moinho, obtendo tempo de antena privilegiadíssimo e alguma comoção entre os mais susceptíveis presentes no Kodak Theatre. A agravar tudo isto, temos ainda o facto deste senhor, que até já veio a Lisboa dar uma conferência sobre o referido louvável documentário, ter pertencido à Administração americana que se recusou a assinar o Protocolo de Quioto, havendo participado nas rondas de negociação.

Os grandes derrotados foram Babel, de Alejandro González Iñárritu, que nomeado para 7 óscares ganhou apenas 1 pela melhor trilha sonora e Eddie Murphy, que após ter ganho o globo de ouro e o prémio do Screen Actors Guild, ambos para melhor actor secundário, falhou o óscar.

Na minha opinião, o grande derrotado, para muita pena minha, foi Peter O'Toole. Este irlandês de 74 anos é um dos meus actores de eleição e conseguiu não levar o óscar para casa pela 8ª vez. Nunca o levou! À excepção daquela vez em que levou um óscar honorário por todo o talento empenhado na interpretação de personagens, contribuindo assim para o enriquecimento da história do cinema.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

The Last King of Scotland.



Este é daqueles filmes que guardo na mesma prateleira que Hotel Rwanda ou Blood Diamond, para citar filmes mais recentes. Estereótipo? Sim, pois sem outras fitas para estabelecer comparações e sem outras géneros (prateleiras) onde enquadrar essas mesmas fitas, torna-se complexa a análise de um dado filme.
No entanto, apesar de ter gostado bastante de Hotel Rwanda e de Blood Diamond, The Last King of Scotland não ficou atrás, tornando-se num dos meus favoritos da prateleira. É um filme que vive de uma representação muito boa e de um argumento que nos diz algo enquanto seres conhecedores da história do Uganda e enquanto portadores de um passado colonial africano.
Forest Whitaker é brilhante enquanto Idi Amin Dada (Globo de Ouro para Melhor Actor Principal em Drama. Vamos ver se hoje ganha o Óscar para o qual está nomedo), embora James McAvoy complete o ramalhete de forma competente.
Vale a pena ir ver, pelos olhos de um médico ficcional, este retrato do período mortífero em que Idi Amin esteve à frente dos destinos do Uganda. "...my Nicholas!"

Realização: 6/10

Representação: 9/10

Argumento: 7/10

Outros: 6/10

Total: 7 pontos.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Fosse o Dandy americano...



Fosse o Dandy americano, a mais de ano e meio das eleições presidenciais, já havia seleccionado o seu candidato. O sentido de voto iria para este senhor aqui por cima, Rudolph Giuliani.
Rudy Giuliani é indubitavelmente o melhor candidato, pois para além de conseguir ser tão bom como quaisquer eventuais adversários nos seus "territórios", ainda consegue ter vantagens em domínios que são só seus.

Começando com os Republicanos (dos quais Giuliani faz parte) temos John McCain e Condoleezza Rice, sendo que apesar de esta última ter afirmado que não estaria interessada em concorrer, é ainda assim das 3 melhores hipóteses que os republicanos têm de ganhar.

John McCain
obteve o seu salto para a ribalta por ter sido prisioneiro de guerra entre 1967 e 1973. Obteve extensa formação militar e o seu grande trunfo, para além de uma já extensa carreira política, é a sua folha de serviço militar.

Condoleezza Rice
é a actual Secretária de Estado. É notório o facto de ser a primeira mulher negra a desempenhar o cargo em que está investida. A Ciência Política foi o cerne da sua formação académica. Tem por principais vantagem a visibilidade mediática do cargo que ocupa e a sobriedade.

Passando para os Democratas, os candidatos mais fortes são Hillary Clinton e John Edwards (não me digam que um tipo chamado Barack Hussein Obama ganha o que quer que seja em solo americano).

Hillary Clinton
já foi um pouco de tudo. Desde primeira-dama, a primeira-dama traída pelo seu marido/presidente (riscar o que não interessa), a senadora, etc... Falta-lhe ser presidente. A formação desta senhora passou pela Ciência Política e pelo Direito. O seu grande trunfo? É a candidata democrata.

John Edwards
quer baralhar as contas. Tal como Hillary, é um candidato assumido, embora a senhora esteja numa posição muito mais vatajosa. Edwards é senador e foi candidato a vice-presidente nas últimas eleições. A formação académica deste senhor é essencialmente jurídica e o seu trunfo passa pela sua imagem limpinha perante a sociedade norte-americana e por ter uma campanha tão funcional como um relógio suíço.

Rudolph Giuliani
ganha por Knock Out! Este senhor foi o responsável pela redução, até niveis mínimos, da criminalidade numa cidade à altura corrompida pelo crime... Nova Iorque. Fê-lo na barra dos tribunais enquanto United States Attorney e também quando desempenhou dois mandatos como Mayor da cidade. Este senhor, para além de possuir uma formação jurídica essencial a qualquer cargo político de topo, possui ainda a distinção não oficial de Mayor da America. Venceu o câncro e conduziu Nova Iorque no seu período mais conturbado, o pós-11 de Setembro. De referir que é o único dos nomes aqui apresentados que é católico. Republicano e católico... É preciso pedir mais?

Alfie.


No Dandyphone: Joss Stone - Alfie

What's it all about, Alfie?
Is it just for the moment we live?
What's it all about when you sort it out, Alfie?
Are we meant to take more than we give
Or are we meant to be kind?
And if only fools are kind, Alfie,
Then I guess it's wise to be cruel.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Verde e Vermelho.


Uma questão que sempre me intrigou foi o porquê das cores da bandeira nacional. Na escola ouvimos estórias fáceis sobre o verde da esperança e o vermelho do sangue derramado em batalha. Ou antes, do verde, cor do mar que nos permitiu a expansão e do vermelho, cor do Sol pondo-se atrás desse mar. Versões estas que, sabe-se lá porquê, nunca me encheram as medidas.

A verdade é que tudo aponta para que estas fossem as cores que representavam o federalismo ibérico, muito em voga, a partir de 1891, entre os republicanos e a maçonaria. Note-se que em voga estavam quer as cores, quer o bom do federalismo...


Ora, eu que possuo uma veia patriota, ainda que não me considere grande nacionalista, não aprecio muito o facto de saber que as cores da pátria exprimem o desejo de que hablemos todos castelhano e de que façamos todos fila para ir às rebajas do "El Corte Inglés".

Não se julgue que não desfraldei a bandeira (porque os gestos também podem ter o seu quê de kitsch) por ocasião do europeu de futebol. Deu gozo ser convictamente tuga (sic) perante os inúmeros turistas de ocasião que nos visitaram. Ainda assim, o meu "bichinho álacre e sedento" não parou de me impelir a saber algo mais sobre esse vermelho e verde que a todos, volta e meia, entra pelos olhos, pedindo em troca, por vezes, lágrimas de comoção patriota.

Mais, tomando consciência dos factos anteriormente referidos, os tais do Iberismo, fiquei curioso quanto à existência de outras propostas para uma bandeira republicana. Ressalva seja feita; sou republicano por preguiça, pois não encontrando particular utilidade para a monarquia em Portugal e não sendo adepto de convulsões sociais, prefiro manter o regime instituído há 96 anos a esta parte.

Parti então numa demanda que não me deu grande trabalho, verdade seja dita. Encontrei um site, do qual constavam uma série de propostas de bandeiras para a República Portuguesa. De entre todas, houve uma que me chamou à atenção e que aqui apresento.


A minha preferência recaiu na proposta apresentada por Álvaro da Silva Foito, pois é uma bandeira que, para além de manter as cores da bandeira da monarquia constitucional, se limita a retirar-lhe a corôa, mantendo o escudo e adicionando alguns adornos de índole republicana. Diga-se de passagem que, sentimentalismos à parte, chega mesmo a ser bastante mais interessante do ponto de vista estético.


fonte: Flags of the World.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Pátria e Povo.



Novíssimo blogue promissor. "Pátria e Povo", por João Gomes e João Prazeres de Matos.
Um abraço aos dois.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

República das Bananas.



É Carnaval... Ninguém leva a mal?

Severini, 1915.



Treno Blindato in Azione
Gino Severini, 1915
Óleo sobre tela, 116 x 89 cm
em Nova Iorque, The Museum of Modern Art

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Camellia sinensis.



Quando se ouve falar de diferentes tipos de chá (verde, Ceilão, Earl Grey, etc.) poder-se-ia pensar que estes provêem de diferentes espécies de plantas. Seria uma má conclusão. Todos estes tipos de chá provêem da Camellia sinensis, a Camélia chinesa.

Na verdade, estas designações que damos aos chás referem-se a uma de 3 hipóteses: a oxidação a que as folhas de chá foram submetidas; o sítio onde foram cultivadas as folhas; o blend, ou mistura, de diferentes tipos de chá e/ou outros produtos para potenciar o paladar da bebida.

No caso da oxidação temos tradicionalmente 4 tipos de chá.

Os chás brancos são usualmente os mais raros chás, visto que são produzidos apenas com as folhas mais novas da planta e nenhuma oxidação é permitida. A planta chega mesmo a ser protegida da luz solar, por forma a prevenir a formação de clorofila.

Os chás verdes são aqueles cuja oxidação foi mínima. Esta é obtida através da aplicação de calor às folhas de chá, por meio de métodos desenvolvidos ao longo de séculos quer por chineses, quer por japoneses. O processo dura de 1 a 2 dias, após a colheita.

Nos chás oolong o nível de oxidação está algures entre o chá verde e o chá preto. Aqui a oxidação dura de 2 a 3 dias, por forma a obter-se um chá já com uma considerável percentagem de oxidação.

Por fim, os chás pretos. Nestes a oxidação é total. É o chá mais comum e a oxidação durará entre duas semanas a 1 mês. A título de curiosidade é de referir que a tradução literal do chinês não é chá preto, mas antes chá vermelho. Daí que surjam algumas confusões quanto à existência, ou não, de chás vermelhos.

Quanto à designação dos chás atendente ao sítio onde foram cultivados não há muito a dizer. Certamente que já todos reparámos que existem chás com nomes de regiões mais, ou menos conhecidas. A título de exemplo temos os Ceilão (Sri Lanka), os Assam (Índia), ou os Darjeeling (Índia).

A terminar, os blends. Por vezes os chás têm nomes que não correspondem nem a cores, nem a sítios, mas antes às misturas que foram feitas para dar origem a uma melhor infusão. Temos o exemplo de uma das infusões mais conhecidas, o Earl Grey. Este chá que recebeu o nome de Charles Grey, o 2º Earl Grey, Primeiro-Mininstro Inglês de 1830 a 1834, é obtido geralmente através do equilibrio entre chás pretos (o Ceilão costuma ser obrigatório) e o paladar do óleo de bergamota.

Em suma, isto dos chás tem muito que se lhe diga, sendo que esta é a amostra mais básica que se pode apresentar daquilo que é o vastíssimo mundo da infusão de Camellia sinensis.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Rocky Balboa.



O Rocky está de volta 16 anos depois do último tormento cinematográfico do género. Valeria a pena ir ver o sexto episódio de uma saga já tão gasta, ainda que vencedora de 3 Óscares (Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Montagem) no primeiro Rocky de todos? Não, não valia.
O que valeu a pena ir ver foi Rocky Balboa, que não se confunde com um Rocky VI. Deixemo-nos de rodeios; o filme é mesmo bom. Não sendo "The Godfather I, II e III" (o Olimpo Dandy dos filmes) é uma obra extremamente bem conseguida. Stallone conseguiu escrever bem, realizar bem e representar ainda melhor. Absolutamente coerente. Mais; coerente com picos de excelência.

Realização: 7/10

Representação: 8/10

Argumento: 7/10

Outros: 6/10

Total: 7 pontos.

Cinema.

O cinema é das artes que mais prezo. Já desde o princípio d' "O Dandy" que pretendo escrever um pouco sobre cinema por aqui. Está na hora de começar.
Escreverei, na generalidade das vezes, via forma de críticas a filmes vistos. Filmes recentes e não tão recentes. De preferência filmes que deixaram um gosto bom.
Será uma crítica bastante pessoal, como qualquer crítica deve ser, de acordo com parâmetros pessoais, que passo a explicitar:

Realização
: de 1 a 10 pontos

Representação
: de 1 a 10 pontos

Argumento
: de 1 a 10 pontos

Outros
(banda sonora, ritmo/montagem, etc.): de 1 a 10 pontos

A soma das parcelas descritas é então dividida pelo número das mesmas, por forma a obter um resultado final para a fita em questão.
De referir, por fim, que todas as críticas e críticas à crítica de cada filme são bem-vindas às caixas de comentários. Obrigado.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

The Look of Love.


No Dandyphone: Dusty Springfield - The Look of Love

The look of love
Is in your eyes
The look your smile can't disguise
The look of love
Is saying so much more
Than just words could ever say
And what my heart has heard
Well it takes my breath away

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

What is the Word.

(em tempos o Miguel Esteves Cardoso traduziu isto e eu também cometi o mesmo pecado. não vos massacro com tais visões do inferno. o último poema do Mestre não se traduz. lê-se, relê-se. ama-se.)

folly -
folly for to -
for to -
what is the word -
folly from this -
all this -
folly from all this -
given -
folly given all this -
seeing -
folly seeing all this -
this -
what is the word -
this this -
this this here -
all this this here -
folly given all this -
seeing -
folly seeing all this this here -
for to -
what is the word -
see -
glimpse -
seem to glimpse -
need to seem to glimpse -
folly for to need to seem to glimpse -
what -
what is the word -
and where -
folly for to need to seem to glimpse what where -
where -
what is the word -
there -
over there -
away over there -
afar -
afar away over there -
afaint -
afaint afar away over there what -
what -
what is the word -
seeing all this -
all this this -
all this this here -
folly for to see what -
glimpse -
seem to glimpse -
need to seem to glimpse -
afaint afar away over there what -
folly for to need to seem to glimpse afaint afar away over there what -
what -
what is the word -

what is the word


-Samuel Beckett, 1988.

Renoir, 1907.


Paysage de Cagnes
Auguste Renoir, após 1907
Óleo sobre tela, 38 x 50 cm
em Bordéus, Musée des Beaux-Arts de Bordeaux

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

(grandes) portugueses.

Não resisto a voltar ao tema "Os Grandes Portugueses". Desta feita para destacar aqueles que considero os mais inusitados integrantes da lista dos "100 Mais".

Maria do Carmo Seabra, a 58ª Grande Portuguesa. Esta economista foi Ministra da Educação do Governo de Pedro Santana Lopes, ocupando o cargo por 7 meses. O seu mandato será recordado pela posteridade como aquele em que ocorreu a grande polémica em torno da ineficácia do sistema informático para a colocação dos professores. Não sei qual é a altura da senhora Prof. Dra., mas certamente ainda lhe falta um pouco para atingir o estatuto de grande portuguesa.


Consideram-no um dos principais estrategas do 25 de Abril. Talvez. Certamente que este facto nunca conseguirá ilibá-lo da responsabilidade que teve na tentativa de golpe-de-estado de 25 de Novembro de 1975, em que tentou instaurar em Portugal um regime de extrema-esquerda. Terminava assim o PREC. Para além disto, muitos apelidam-no de assassino, dada a evidência da sua relação íntima com o movimento terrorista das FP-25, que de 1980 a 1987 assassinou 18 pessoas, por meio de atentados e de confrontos com a polícia durante tentativas de fuga, após assaltos a bancos. Chama-se Otelo Saraiva de Carvalho e foi o 68º mais votado.

Este é o novo rosto do humorismo em Portugal. Ricardo Araújo Pereira começa a ser a confirmação de um potencial que muitos já lhe atribuiam. Jornalista de formação, trabalhou principalmente como argumentista para programas humorísticos em televisão. Fez stand-up comedy e integra o quarteto "Gato Fedorento", novo expoente do humor em Portugal. Ainda assim, apesar de toda a visibilidade que possui, a sua carreira é curta e dificilmente explica o seu 76º posto. Humoristas houve antes deste, que tiveram tanta exposição e semelhante sucesso, possuindo uma carreira estável ao longo de anos. Nomes como Nicolau Breyner, Raúl Solnado ou Badaró superam largamente o tamanho do presente currículo ao serviço do Humor que RAP possui. Ok... O Badaró era brasileiro.

-Nome? Hélio Pestana. -Idade? 21 anos. -Está tudo dito? Não, eu esforço-me mais um pouco: este senhor tem um currículo invejável nos media nacionais, ou seja, participação num punhado de telenovelas, dobragem de uma personagem de filme de animação e ainda (espantem-se!) venceu a 2ª eliminatória da 2ª edição do concurso "Dança Comigo"! Estuda Arquitectura, tem ar de rufia e aparentemente uma legião de rapariguinhas púberes, prontas a lançar uma jihad em nome do seu ídolo. Ah... É verdade... Toca Piano e saiu-lhe o número 79.

Hippopotamus amphibius.



O Hipopótamo (Hippopotamus amphibius). A etimologia diz-nos que hipopótamo é a justaposição das palavras gregas hippos e potamos, ou seja, cavalo e rio. É um mamífero grandalhão e herbívoro. Vive em África, sendo que alguns, querendo subir na vida, emigraram para alguns zoos espalhados pelo planeta. Factos irrelevantes para "O Dandy".

Este simpático bicharoco passou por cá hoje para colmatar a nostalgia deixada pela recordação das visitas ao Jardim Zoológico de Lisboa. Motivo para largos sorrisos, as visitas ao zoo deixavam sempre lembranças inapagáveis. Coisa de menino.

Sem dúvida, o animal predilecto era o Hipopótamo. Porquê? Porque tinha um nome complicado. Porque tinha um ar bonacheirão. Porque passava o dia dentro e fora d'água. Porque abria uma bocarra giríssima. Por mais uma série de razões. Razões de menino.

Mas ficou. O Hipopótamo não foi esquecido. Este é o tributo às memórias que o Hipopótamo me ofereceu.

Obrigado Hipopótamo!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Referendo.

Findo o Referendo, creio que dois pontos são de salientar, em jeito de rescaldo, quanto a todo este calvário que Portugal percorreu nas últimas semanas.

Primeiro o resultado; este referendo foi ganho pelo Sim. O Não perdeu. O Sim reuniu 2238053 - 59,25% dos votos validamente expressos. O Não 1539078 - 40.75%. Da globalidade dos votos expressos houve 48185 - 1,25% de Brancos e 26297 - 0,68% de Nulos. Os eleitores inscritos eram 8832628. Destes votaram 3851613 - 43,61%. No artigo 115º, n.º11 da Constituição da República Portuguesa pode ler-se "O referendo só tem efeito vinculativo quando o número de votantes for superior a metade do número dos eleitores inscritos no recenseamento.". Ou seja, o resultado deste referendo não é vinculativo. Nenhuma lei deverá ser aprovada tendo por fundamento uma consulta a 3851613 eleitores, 43,61% da totalidade. Nenhuma lei deverá ser aprovada apenas com a aparente concordância de 25,34% dos eleitores inscritos.
Isto só para tirar as dúvidas a senhores como este.

Em segundo lugar há que lamentar as declarações da totalidade dos líderes dos partidos e movimentos envolvidos na campanha pelo Sim. Todos, sem excepção, vieram congratular-se por Portugal estar na rota para se juntar à "Europa moderna". Todos rejubilam, pois Portugal já vai deixar de alinhar no eixo Irlanda - Polónia - Malta, no que concerne à não liberalização do Aborto. Ainda assim, todos já condenaram o Aborto. Todos já afirmaram que o Aborto deve ser prevenido por forma a que, ainda que liberalizado, seja "raro".
Pergunto-me; se o Aborto deve ser raro; se o Aborto é uma questão tão sensível por ser transversal a tantas esferas (legislativa, ética, moral, social, política, etc.); se o Aborto é algo, em hipótese, condenável; porque é que se insiste em acenar com a bandeira da liberalização como garante de modernidade?!

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Autopsicografia.


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

-Fernando Pessoa, 27/11/1930.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Magritte, 1954.



L’Empire des Lumières
René Magritte, 1953-1954
Óleo sobre tela, 195 x 131 cm
em Veneza, Peggy Guggenheim Collection

London Calling.


No Dandyphone: The Clash - London Calling

The ice age is coming, the sun's zooming in.
Meltdown expected, the wheat is growing thin.
Engines stop running, but I have no fear
Cause London is burning and I, I live by the river!

Influenza.

Constipei-me.
Ou antes, fui atacado por um ignóbil virus (gripe, diria eu que não vou muito à bola com médicos) que me constipou. Constipou, amoleceu, entorpeceu-me, distribuiu trinta mil dores pelas minhas articulações... Sei lá. Mau dormir, febre, amígdalas inchadas, olhos a chorar. Já para não falar dos suores.
A doença nada tem de dandy. O dandy não é doente. O dandy é a personificação das "costas direitas, peito para fora"! Costas direitas, peito para fora... Nem vê-los!
Encolhido na cama, ora tossindo (pouco), ora espirrando (mais isto). A gentileza de algumas almas caridosas ameniza a dor. Lencinhos, cházinhos, mantinhas, SMSezinhas... O dandy quer voltar a ser dandy!
E as cefaleias, ai as cefaleias...
"As melhoras, Dandy." Obrigado...!

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Pastéis de Belém.



Este é, muito provavelmente, o alfa e o ómega do meu bairrismo/patriotismo/eventual nacionalismo. Não raras vezes devo ter dito: "Invadam Lisboa! Destruam os Jerónimos! Derrubem o Castelo! Eu estarei barricado nos Pastéis de Belém. Enquanto eu viver, nenhum invasor tocará na receita!"
É impossível passar e não entrar. É impossível comer só um. É impossível não trazer mais para comer em casa.

...uma estrela que dança.



Não sou grande apreciador dos escritos deste senhor, nem tão pouco percebo alguma coisa da língua alemã, exceptuando-se duas ou três expressões técnico-jurídicas.
Ainda assim, desde que em petiz li algo que ele deixou escrito numa das suas obras, neste caso reproduzido na parede do Metro do Parque, que vivo enamorado pela citação:

Ich sage euch: man muss noch chaos in sich haben, um einen tanzenden Stern gebären zu können. (Eu digo-te: um homem precisa de ter caos interior, para parir uma estrela que dança.)
-Friedrich Nietzsche, em Also sprach Zarathustra (Assim falava Zaratustra).

Jazza-me muito...



Descobri, via 31 da Armada, o Jazza-me muito.
Óptima surpresa, saber que a rádio que me acompanha regularmente, enquanto conduzo nas horas de transito caótico de Lisboa, tem um blogue. Um bom blogue, por sinal!
O Jazz tratado como merece na Rádio Europa Lisboa, nos 90.4fm, e no Jazza-me muito, à distância de um click!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Grandes Portugueses.



O meu primeiro voto no concurso "Os Grandes Portugueses" foi para D. João V. Foi um voto em prole de causas pessoais. Afinal, este foi provavelmente o reinado no qual as artes mais foram acarinhadas em Portugal. Dir-me-ão que ouro brasileiro não faltava... O nosso monarca "Magnânimo" não chegou aos 100 grandes portugueses.



Estou bastante inclinado para torcer pela vitória de D. João II, nesta fase final do concurso. Este foi um dos nossos melhores, senão o nosso melhor estadista de sempre. Planeou toda a nossa expansão marítima. Sem a sua visão, hoje não seriamos metade do que somos, enquanto portugueses.




Ainda assim, sou tentado a tomar partido por aqueles a quem ninguém defende. Sou tentado a ser irreverente e a lembrar Salazar. Este foi um dos estadistas portugueses com um período mais longo (talvez esse o seu grande pecado) em funções e, tal como D. João II e D. João V, deixou obra incontornável.

Just a Perfect Day.


No Dandyphone: Lou Reed - Just a Perfect Day

Just a perfect day,
Feed animals in the zoo
Then later, a movie, too,
And then home.

Dalí, 1983.



Cama, Cadeira e Mesa de Cabeceira Atacando Violentamente um Violoncelo
Salvador Dalí, 1983
Óleo sobre tela, 60 x 73 cm
em Figueras, Fundación Gala-Salvador Dalí

Darjeeling.



Darjeeling é uma terreola no norte da Índia. Provavelmente seria mais um "sítio onde Judas perdeu as botas", não fosse o facto de ser um expoente da indústria do chá a nível mundial.
Os ingleses plantaram aí chá, a título experimental, pela primeira vez em 1841. O sucesso de tais experiências foi imediato, desenvolvendo-se a partir de aí, a bom ritmo, toda uma indústria na zona de Darjeeling.

Esta região empresta o seu nome a um dos chás pretos mais afamados de sempre. O Darjeeling é provavelmente presença indispensável numa casa em que habitem apreciadores de chá. Este dandy recomenda-o vivamente, sendo que é dos seus preferidos, recomendando ainda especial cuidado na infusão, por forma a apreciá-lo na sua plenitude.

Certo vs. Errado.

Justice consists not in being neutral between right and wrong, but in finding out the right and upholding it, wherever found, against the wrong.
-Theodore Roosevelt, 1916

Aproxima-se o dia em que se referendará a pergunta por forma a alterar, ou não, a lei penal no que concerne ao aborto. Devo, antes de mais, deixar patente o meu desejo de que haja uma afluência às urnas expressiva e suficiente para, em caso disso, o resultado do referendo ser vinculativo, alterando-se assim a lei.
No entanto, não posso deixar de tecer algumas considerações sobre a panóplia de ocorrências recentes relacionadas com o acto referendário. Creio que vivemos numa época de extremismos. Assisti a alguns debates/conferências/conversas de café que versavam sobre o tema e acabei surpreendido com a falta de humildade intelectual dos intervenientes em tais polílogos. Não existe um ser à face da Terra que admita não ser defensor da verdade indisputável! Todos estão plenamente convictos das suas crenças e, por conseguinte, do seu sentido de voto, "o mais consciente possível".
Para mais, creio que a campanha não tem o propósito pedagógico e formador de consciências que lhe seria exigido neste caso. Nenhum movimento, nenhum partido, ninguém se preocupa em informar. Apenas se preocupam com a hiperbolização de factos, o metralhar de chavões inúteis e o esgrimir da emotividade básica e non-sense. É por este conjunto de razões que dificilmente me identifico realmente com algum destes movimentos, ou com o mero transporte da questão para dentro de alguma máquina partidária. Creio que o voto deve ser depositado com a mente clara e convicta das razões que levaram a tal decisão. Certamente que tal decisão não é adjuvada nem por movimentos, nem por partidos, mas sim pela busca pessoal que leva a uma tomada de decisão pessoal e intransmissível.

Ah... É verdade, eu tenciono votar Não.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Le Chien.



Dandy...?

Livro de Estilo - resumo.


N' "O Dandy" poderá escrever-se sobre:

-Pessoas, porque o dandy é ele e os Outros.
-Valores, porque o dandy é dentro do ser.
-Pensamentos, porque o dandy é a pensar.
-Indumentária, porque o dandy não é nu.
-Vinhos e Espirituosas, porque o dandy jamais se inebria.
-Arte, porque o dandy busca o ser mais que ser.
-Tabacos, porque este dandy fuma.
-Automóveis, porque este dandy gosta de design, velocidade e futuro.
-Chá, porque este dandy não vive sem ele.
-Iguarias, porque este dandy é a gula personificada.

"O Dandy" é opinativo.

"O Dandy" é parcial.

"O Dandy" é cliché.

"O Dandy" é.

O que é um dandy?


De acordo com a Wikipedia, um dandy é um homem que dá particular importância à aparência física, à linguagem refinada e à cultura do lazer. Seria ainda, em especial nos séculos XVIII e XIX, alguém que sendo oriundo de uma classe média, se esforçava por imitar os hábitos da Aristocracia.
Chegados nós ao século XXI, inventemos um novo dandy! Um metrossexual? Jamais. Como um dia alguém disse: "Um metrossexual é um homem que está a um metro de ser homossexual!". E ser dandy não é sinónimo, nem antónimo de ser homossexual. Nada disso.
Ser dandy no século XXI é antes de mais um estado de espírito. Não existem, como nunca existiram, muitos que apreciem e compreendam o dandy. E o dandy desmotiva-se perante o Mundo... Talvez seja por isso que a maior parte dos dandies possuam um semblante, por norma, alheado, naif...
Por ser um estado de espírito, hoje em dia ser dandy é muito mais a atenção que se dá à preservação de determinados valores, do que a mera iconolatria um dia considerada palavra-chave do dandismo. A Honra; a Lealdade; a Independência, o Respeito e a Sobriedade Intelectuais; o Cavalheirismo...
Neo-Dandy... Talvez. A diferença entre um homem e um senhor...? Sempre.