segunda-feira, 12 de março de 2007

Egas Moniz...



...não, não é o senhor que ganhou o prémio Nobel da Medicina em 1949 e que hoje em dia é demonizado por uns e outros. Este (António) Egas Moniz foi agraciado pela Academia Sueca devido a ter encontrado relevância na lobotomia pré-frontal para o tratamento de certas psicopatias. O Egas Moniz a quem dedico estas linhas foi aio de D. Afonso Henriques e de acordo com a História e com as lendas é uma das melhores personificações nacionais da Honra.

Passa-se que o nosso ainda-por-coroar-primeiro-rei estava cercado em Guimarães, pela tropa de Afonso VII de Castela, imperador de toda a Hispânia (sic). Julgando-se capaz de vergar o primo, Afonso VII exige-lhe um juramento de vassalagem. Corria o ano de 1127 e o nosso Afonso Henriques, na flor da idade (18), não estava nada para aí virado. Antes morrer que prestar vassalagem a esses proto-paelleros, que lhe cercavam a capital do condado.

Egas Moniz, que julgava possuir autoridade suficiente para negociar tréguas (pertencia a uma das cinco famílias mais importantes que apoiavam as pretensões independentistas portucalenses), dirige-se a Afonso VII e firma a submissão de Afonso Henriques. O primo castelhano aceita a negociata e levanta o cerco. É aqui que surge o busílis da questão: tudo correu bem por cerca de um ano... Até à batalha de São Mamede.

Esta célebre batalha em que o Sr. Henriques resolve esmagar as tropas da sua excelsa mãezinha, confirmando a sua liderança do condado, marcou o ponto de viragem na relação entre este e o seu primo. Farto de ser vassalo e de ver a sua autoridade perigada pelas ameaçadoras forças de Afonso VII, Afonso Henriques muda a sua capital para Coimbra e resolve as suas preocupações como melhor sabia: invadindo a Galiza em 1137.

O bom do Aio fica destroçado. A sua palavra estava manchada. O Afonso, cuja educação tanto esforço exigiu ao aio, foi guerrear contra o primo, quebrando o acordo e desonrando a palavra de Egas Moniz.

Outro teria ficado de braços cruzados, gozando os possíveis proveitos de tal acto. Egas Moniz, reza a lenda, vai a Toledo ter com Afonso VII, descalço e com uma corda ao pescoço, qual condenado à morte, entregar a sua vida ao rei estrangeiro. Não vai sozinho. Leva a sua mulher e os seus filhos. Estavam prontos para morrer pela sua Honra.

A lenda conta-nos que o rei castelhano se comoveu perante tamanha fidelidade à palavra dada. Ao que parece, este perdoou o Aio e mandou-os de volta ao condado. Consta também que para além de ter caído nas boas graças do primo castelhano, também assim aconteceu com o portucalense. Egas Moniz havia recuperado a sua Honra, ornamentada de novos favores pelos dois lados da fronteira.

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